quinta-feira, 31 de maio de 2012

Criança


Tu, criança

És a doce lembrança

De um mundo de esperança

Ainda por fazer

Basta o teu querer

Para o melhor acontecer

Aprendes no teu brincar

As palavras a cantar

Os números a dançar

Com um pau de giz

Escreves o que a alma diz

E assim és feliz

Quando vês um papel

Fazes dos dedos, pincel

Inventando um carrossel

Vejo-te brincar ao pião

Segurando o teu balão

Dando asas à imaginação

Adoro ver-te sempre sorrir

Tens a beleza do Sol a luzir

O fascínio da Lua a dormir

E é esse teu ar inocente

Que me faz ir em frente

Tu, criança, és o meu presente!

Cristina Russo

terça-feira, 29 de maio de 2012

O riso de uma criança

Imagem by net
O riso de uma criança
Alegra o meu coração
A sua doce inocência
Tem para mim um condão

Ver os seus primeiros passos
Acompanhar sua infância
Segura-la entre meus braços
Quanto te amo criança

Ver seus olhos a brilhar
De alegria e prazer
Para do mal a guardar
Vamos para ela viver

Quando reina a harmonia
Mesmo ouvido á distancia
Nada iguala em alegra
O riso de uma criança

Jorge Caraça

A senhora já é vovó?


Imagem by Dialektus


A senhora já é vovó?

O neto é um filho com quem se relaciona sem ansiedade.

É suave, é bom, é benfazejo esse amar solto e compreensivo, sem a aflição e as dúvidas de quem educa diretamente, com os pais. Tudo isso em um tempo no qual já se está a compreender muito melhor a vida, a alma infantil, tendo aprendido a ler sutilezas de caráter e comportamento que os pais nem sempre percebem.

Ver e orientar sem que o neto se ressinta. E sem especiais compromissos com ter que acertar. Ah a maravilha de compreender a aflição de uma criança e saber aplacá-la com calma e doçura! E no entanto, toda essa sabedoria, superioridade e segurança dissipa-se no instante em que o neto ou neta nos devolvem alguma manifestação de amor ou gratidão. Derretemo-nos como sorvete num sol de 40 graus.

Os netos nos tornam filosóficos. Diante deles, suas brincadeiras e as marcas de semelhanças esparsas conosco ou outros ancestrais, que aos poucos vão ficando claras, medita-se sobre si mesmo, somos ainda mais gratos a nossos pais e avós, melhor compreendemos nosso papel nesta vida.

Cessam paixões e opiniões que ás vezes nos levam a discussões ou a defesas acentuadas de pontos de vista, tudo cessa diante do mistério da procriação ali patente, diante de nós e se infiltra na alma a suave sensação de missão biológica cumprida.

O grande segredo da vida é a compreensão. Compreender é muito difícil. Em geral, interpomos as nossas crenças e opiniões entre nós e os outros, fechando-nos para esse novo que é receber o que nos chegue da vida sem classificar, com a alma aberta. A idade traz compreensão à custa de experiências vividas e sofridas.

Difícil, com os netos é a dor que se mistura ao sabor da convivência, quando se vão para casa. A gente vê um bichinho daqueles amarrado na cadeira que fica no banco de trás do carro do filho. E o carro parte para um desconhecido onde existe uma cidade agressiva, um mundo de guerra e intolerância. E enquanto perdura o perfume de alma que os netos ou netas nos deixam, paradoxalmente a gente se sente muito mais só do que o habitual. Pululam pensamentos dolorosos quê fazer?- sobre se teremos ainda muitos anos com eles, podendo vê-los crescer, ou se alguma trama do destino nos espreita (ou a eles) para levar da vida antes da hora.
Ah os netos! Quantas lições!

Artur da Távola

quinta-feira, 17 de maio de 2012

" Quando as crianças brincam "


































Imagem by Groshev'den

Quando as crianças brincam
E eu as ouço brincar,
Qualquer coisa em minha alma
Começa a se alegrar.
E toda aquela infância
Que não tive me vem,
Numa onda de alegria
Que não foi de ninguém.

Se quem fui é enigma,
E quem serei visão,
Quem sou ao menos sinta
Isto no coração.

Fernando Pessoa